sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Educação transpessoal Integral


Por uma educação transpessoal 
O diretor da Faculdade de Educação e Letras da Universidade Metodista de São Paulo, o prof. dr. Elydio dos Santos Neto, é autor do livro “Por uma educação Transpessoal”, lançado pela Editora Metodista e Editora Lucerna. Sua obra baseia-se numa nova interpretação sobre a educação escolar que aborda fatores que vão além dos questionados pela sociedade. O professor considera o aspecto espiritual como fundamental para o desenvolvimento humano.

Espaço Cidadania: O que é educação transpessoal?
Elydio dos Santos Neto: É uma proposta educacional preocupada em educar na e para a ‘inteireza’ do ser humano, isto é, preocupada em educar não apenas os aspectos racionais do ser humano, mas também outros aspectos que integram nossa condição humana, de modo especial, os aspectos relativos ao corpo, às emoções e à espiritualidade.

EC: O que quer dizer a expressão transpessoal?
Elydio: O termo transpessoal expressa uma concepção mais ampliada de ser humano, isto é, ele não se reduz ao seu ego construído na cultura e nas sociedades. É isto também, mas não só isto. Compreende que a construção do humano exige o pessoal e o transpessoal. Este transpessoal significa ‘sair de si’, de seu ego racional, e mover-se em direção aos níveis mais profundos de si mesmo; em direção aos outros seres humanos na vida interpes-soal, social e cultural; em direção à natureza, aos demais viventes e ao próprio cosmo.

EC: Quais aspectos a educação transpessoal considera?
Elydio: Como outras abordagens, a educação transpessoal considera fundamental a transmissão crítica dos conhecimentos, assim como a inserção do educando no processo de construção de conhecimentos. Entende, porém, que isto não pode limitar-se a conhecimentos de natureza apenas técnica, conceitual e que venham responder aos interesses da economia e do mercado.

EC: Qual a contribuição desse pensamento para a sociedade atual?
Elydio: Vivemos numa sociedade capitalista, que educa as pessoas para aceitarem que o sentido maior está no consumo. Eu entendo que esta sociedade precisa ser transformada. Trabalho intelectual e religação dos aspectos internos são, pois, mais uma possibilidade de ajudar o processo de transformação pessoal e favorecer o desenvolvimento de uma postura política a favor da construção de uma cultura com capacidade de justiça e solidariedade. A educação não pode fazer isto sozinha, mas pode ajudar. Isto seria uma grande contribuição à nossa sociedade.

EC: Como a educação pode transformar a vida das pessoas?
Elydio: A proposta que faço com a educação transpessoal é de educar na e para a inteireza do ser humano, ou seja, favorecer que no processo de constituir-se a si mesmo sejam integrados os diversos aspectos de nossa complexidade e, a partir daí, fortalecer o sujeito para participar do processo de transformação da sociedade. Isto pode ser feito no cotidiano da escola.

Educação em valores

Educar em valores é um ato transcendental, significa doar-se, fortalecer
a consciência, e neste contexto Moreno (2001:25) enfatiza que “[...] para poder
educar é preciso ser e viver, viver-se e desviver-se como ser pessoal diante do
próximo”.

 A didática da psicologia transpessoal na educação tem como objetivo
estimular o desenvolvimento do ser humano em seus aspectos físicos, mental,
emocional e intuitivo; favorecer a emergência de valores humanos; e
aperfeiçoar o ensino na situação de aprendizagem (Saldanha 2008:27).

 Os “recursos expressivos como dança, musica, pintura são valorizados e
integrados neste contexto, [...] como a representação do que se cria a partir do
que se vê, num exercício da função imaginativa, o qual amplia a consciência e
permite a reflexão.” E enfatiza também que a didática transpessoal é um
instrumento facilitador para todo esse processo (Saldanha, 2008:33).

É preciso despertar no educando “[...] a vocação, a olhar dentro de si
mesmo, ouvir suas vozes internas, a encontrar a própria identidade, a descobrir
o que fazer de sua vida. É a partir do próprio educando que se inicia a
aprendizagem.” E ainda acrescenta que, de acordo com Maslow é preciso
treinar o educador para que seja autêntico em seus valores, alegria e
realização (Saldanha, 2008: 122).

Para Maslow (1990:293) “... o avanço do conhecimento da vida superior
dos valores, não somente deve fazer possível uma maior compreensão, mas
também deve abrir novas possibilidades de automelhoramento, de
melhoramento da espécie humana e de todas as instituições sociais.”

 Segundo Maslow (apud Saldanha 2008:119) a “[...] meta da educação é
conduzir a pessoa à auto-realização [...] a ser plenamente humana [...] o
melhor do que se é capaz [...]”. E quando se torna um ser humano específico
desperta “[...] as próprias potencialidades e valores internos.”
O referido autor afirma que “[...] a existência dos valores é

 O autor enfatiza que todos anseiam por uma vida superior, a vida
espiritual, sendo que anseio é um potencial de todas as crianças recémnascidas,
e que esta potencialidade, se acaso se perde, se perde depois do
nascimento. E o autor aposta que “[...] a maior parte dos recém-nascidos nunca
realizarão esta potencialidade e nunca alcançarão os mais altos níveis de
motivação devido à pobreza, à exploração ao prejuízo, [...] devido à
desigualdade de oportunidades que tem no mundo atual” (Maslow, 1990:313)

 Saldanha (2008) ainda citando Maslow afirma que educação é o espaço
no qual se pode colaborar em alto grau com a profilaxia da saúde mental e da
paz no planeta, propiciando o despertar e o desenvolvimento de valores
positivos da natureza humana e contribuindo para seres humanos melhores, e
assim, para uma sociedade melhor.

 A integração entre o sentir e o pensar permite ao educador restabelecer
a integridade humana colaborando para a “[...] construção do ser humano como
sede da inteireza, onde pensamento, ação e emoção estejam em diálogo
permanente” (Moraes & De La Torre, 2004:68).

 Para Maturana (apud Moraes & De La Torre 2004:67) “[...] educar é
configurar um espaço de convivência, é criar circunstâncias que permitam o
enriquecimento da capacidade de ação e reflexão do ser aprendente. É criar
condições de formação do ser humano para que se desenvolva em parceria
com outros seres, para que aprenda a viver/conviver e afrontar o seu próprio
destino, cumprindo a finalidade de sua existência”.

Ele acrescenta que educar é “[...] desenvolver-se na biologia do amor
[...] na aceitação de si mesmo e do outro em seu legitimo outro [...]” e também
que “[...] o amor é a emoção fundamental que sustenta as relações sociais, ou
seja, a aceitação do outro em seu legítimo outro. É a emoção que amplia a
aceitação de si mesmo e do outro e, [...] somente o amor expande as
possibilidades de um operar mais inteligente” (apud Moraes & De La Torre,
2004:67).

Maturana enfatiza que aprender “[...] implica em transformar-se em
coerência com o emocionar”. E que “[...] a tarefa educativa solida somente
pode realizar-se através do amor, quando priorizamos a formação do ser, tendo
como foco de atenção principal o seu fazer [...]” e entende que “[...]
potencializando o fazer, estaremos simultaneamente potencializando o ser.
Convidando-o a refletir sobre sua ação, estaremos fazendo com que ele
desenvolva a sua autonomia, sua criatividade e consciência critica” (p. 68).
Esclarece que educar é “[...] formar seres humanos para o presente [...]
seres nos quais qualquer outro ser humano possa confiar e respeitar, seres
capazes de pensar tudo o que é preciso como um ato responsável a partir de
sua consciência social.” E afirma que adultos só podem ser assim se “[...] não
crescerem alienados, se crescerem no respeito por si mesmo e pelo outro,
capazes de aprender qualquer atividade porque sua identidade não está na
atividade, mas em seu ser humano” (Maturana, 2008:10).

 De acordo com Maslow (1990:135) os valores do ser são:

Verdade: honestidade, realidade, sinceridade, simplicidade, riqueza,
essencialidade, dever ser, plenitude;
Bondade: retidão, desejo, dever ser, justiça, benevolência, honestidade;
Beleza: retidão, forma, vitalidade, simplicidade, riqueza, plenitude,
perfeição, culminação, unicidade, honestidade;
Plenitude: unidade, integração, tendência à união, inter-relação,
simplicidade, organização, estrutura, ordem não dissociada, sinergia;
Vitalidade: processo, vivacidade, espontaneidade, auto-regulação,
funcionamento pleno, mudança e permanência simultâneas, autoexpressão;
Unicidade: idiossancrisia, individualidade, incomparabilidade, novidade,
particularidade, peculiaridade;
Perfeição: nada é supérfluo, nada falta, tudo está no lugar adequado, é
imemorável, justiça, adequação, terminação, nada mais além, dever ser;
Culminação: terminação, finalidade, justiça, cumprimento, nada falta,
totalidade, cumprimento do destino, clímax, consumação;
Justiça: imparcialidade dever ser, adequação, qualidade arquitetônica,
necessidade, inevitabilidade, desinteresse, imparcialidade; ordem;
Simplicidade: honestidade, desnudes, essencialidade, certeza abstrata,
estrutura essencial e medular;
Riqueza: diferenciação, complexidade, complicação, totalidade, nada
perdido nem escondido, todo presente;
Facilidade: suavidade, ausência de luta, de esforço, de dificuldade,
graça, funcionamento perfeito e belo;
Diversão: alegria, recreação, jovialidade, humor, exuberância, facilidade;
e Auto-suficiência: autonomia, independência, não necessitar nada que
não seja único, autodeterminação, transcendência do ambiente,
separação, viver de acordo com as próprias normas, identidade.

Para ele, “[...] não só se supõe que o lugar dos valores é natural, senão
também o é o processo para descobri-los. Tem que ser descobertos mediante
o esforço humano e mediante a cognição humana, apelando às provas
experimentais, clínicas e filosóficas dos seres humanos. Aqui não está
envolvido nenhum poder que não seja o humano” (Maslow, 1990:150).

 Fontes:
 htthttp://www.alubrat.org.br/img/File/trabalhos/Educar_Valores_Abordagem_Transpessoal.pdfp://www.metodista.br/cidadania/numero-34/por-uma-educacao-transpessoal/


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